"Nesse pequeno tempo que estivemos juntos na luta pela graduação nessa cidade cinzenta, eu pude aprender mais e vivenciar um pouco o que é viver pelo amor ao próximo. Inclusive, essa era a característica mais marcante dele para mim.
Sempre com um sorriso no rosto e levando a vida do jeito dele, eu pude reparar que as preocupações que ele tinha eram tratadas nada mais como um pequeno desafio a ser superado e vida que se segue! Para ele não existia tempo ruim e sempre estava disposto a viver cada momento com os amigos (uma parte da família que todos nós ganhamos por aqui) que a vida lhe proporcionava.
Há uns dias eu cheguei no quarto dele e estava chorando as mágoas sobre meu desempenho na Tecnológica Infernal do Paraná, e ele me respondeu: - atenção para leitura com sotaque - “Ô viado, vamo estudar cálculo nesse final de semana. Oxe, hoje a noite eu ia estudar uns negócio aqui mas vamo ri um pouco né. Apesar, é foda-se ou não é? Ou isso é de rosca?”. Me senti acolhido pelo cabra da peste naquele momento pois sabia que aquela era a forma dele dizer “mano, vamos arejar a cabeça um pouco e depois a gente senta junto e ajuda um ao outro”.
Tudo que o Eduardo fazia, desde seus trabalhos filantrópicos na Ordem Demolay, os serviços prestados à CELU ou até mesmo o curso de libras que ele estava fazendo e várias outras atividades, beneficiava alguém mesmo que ele não conhecesse. Era nítida a vontade que ele tinha de mudar o mundo em que estava inserido para melhor e não duvido que ele conseguiu cumprir esta missão.
Meu objetivo neste texto não é escrever a ele, pois já descansa em paz, mas sim buscar eternizar em palavras uma das características do ‘Grande líder’ que todos nós que vivemos com ele devemos aplicar e levar para o resto de nossas vidas.
Ele deixou claro que dias bem vividos são dias sem egoísmo, sem aquela busca incansável pelo poder e em ver outra pessoa - erroneamente vista como adversária - em ruínas sendo punida injustamente a todo momento por tudo e todos por simples desavenças. Viver pelo próximo foi o legado dele e é o que faz dele tão especial e querido por todos nós.
Como dizia Albert Schweitzer, não devemos contentar-nos em falar do amor para com o próximo, mas praticá-lo. Era isso que ele sempre fez! Praticou o amor ao próximo e à vida! E não precisou de nenhuma palavra para fazer isso.
Se me pedissem para resumir tudo que vivi e aprendi com o Ceará, eu resumiria em apenas uma palavra: gratidão."
Darlen Borges
Eng. Mecânica - UTFPR