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Luis Gabriel Gonzalez

Carta de Gonzalez ao Ceará


Querido amigo Eduardo Alves dos Santos “Ceará”, demorei muito tempo para descobrir que seu nome não era Ceará, na realidade fiquei até decepcionado quando vi no Facebook que no seu perfil não tinha nenhuma referência ao apelido nem entre parênteses, alguns dias já se passaram desde que você partiu, ainda não caiu a fixa que nunca mais irei-te ver, a minha rotina está tão habituada em ter você por perto que ainda o espero bater na minha porta me chamando para ir em uma reunião, no R.U., para me encher o saco, assistir TV, até mesmo para me cobrar algo que teríamos que realizar juntos, mas que você também não tinha começado, a saudade começa a bater, peço desculpas pelos dias que você foi no meu quarto no horário em que eu estava dormindo e te tratei de maneira rude, pelos dias que te xinguei por estar deitado na minha cama com os pés sujos e pelas brincadeiras exageradas.

Caro amigo como você já faz falta, o corredor do primeiro andar nunca mais será o mesmo pois o melhor interprete do Wesley Safadão se foi, muito obrigado por escutar os meus problemas, por sempre estar sorrindo e cantando, mesmo em épocas de tensão como véspera de provas, sinto muito por não ser reciproco, por não estar sempre sorrindo em sua presença e por não perguntar sobre seus problemas, confesso que ainda não entendo a origem de tanta alegria, nunca o vi reclamar de nada, para você quase tudo estava bom, também gostaria de entender a suas técnicas de estudos pois seu super coeficiente acadêmico não condiz com seu tempo dedicado ao estudo, segundo nosso amigo Victor Hugo é o fato de você sempre estudar escutando Wesley Safadão, eu acredito que é pelo fato de você ser cearense, mas terei que viver com esse mistério.

Sei que está em um lugar melhor e que é egoísmo de minha parte quere-lo por aqui, mas nossa historia foi curta - tenho pouco para contar - seu companheirismo é memorável, quantas vezes você deixou de pegar carona para pegar ônibus comigo? Quantas vezes o fiz esperar estando atrasado? Muitas vezes! E em nenhuma delas você reclamou ou ficou bravo por isso. Jogar foda-se não será a mesma coisa sem você, agora quem irá ensinar novas cantilhas de bêbado? Ou quem irá animar junto com minha veia para jogar em semana de prova argumentando “Qual é o nome do jogo? Foda-se é foda-se”. Seu sotaque era sua marca registrada, ele era tão marcante que nem falando em inglês você o largava, seu inglês cearense era incrível, ainda quero saber o significado de “Ai dente”.

Apesar de ter falado com você horas antes da tragédia, não tive a oportunidade de me despedir, me arrependo de não te dar um abraço e te dizer adeus, querido amigo você sabe que era como um irmão para mim, é com um enorme aperto no peito que te digo Adeus, irei preservar sua memória aqui na terra das criaturas para que seu curto legado não seja em vão, “grande líder”, “Ceará”, Eduardo Alves dos Santos esse é o meu último Adeus.

PS: “Foda-se” é um jogo de cartas.

Luis Gabriel Gonzalez

Eng. Elétrica - UTFPR

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