Olá caros leitores deste periódico celuense, primeiramente, como ex-morador - mas ex-celuense nunca - gostaria de saudar aos que acabam de entrar nesta maravilhosa casa e lhes desejar que aproveitem todo o crescimento profissional e pessoal que esta universidade da vida pode lhes oferecer.
Vivemos em uma era que a tecnologia é bastante evoluída, nos trazendo bastante conforto e possibilitando acesso à coisas às quais nem imaginávamos há 10 ou 15 anos. Sem fazer apologia gostaria de neste texto contar como a cerveja foi uma das responsáveis pela evolução da humanidade.
Iniciando a partir da sua descoberta, voltamos para mais ou menos 9000 AC, quando o homem começou à cultivar suas primeiras plantações. Uma das primeiras plantas à serem cultivadas foi a cevada, com intuito de fazer pão, na época se deixava a “massa” em cima de pedras para assar com o calor do sol, ainda desconhecendo a existência de microrganismos, eram as leveduras existentes no ar que faziam esta massa crescer também, estas pedras não possuíam superfícies perfeitamente lisas e, quando chovia se acumulava água nelas, acidentalmente quando fora esquecida esta massa que continha cevada e choveu, um cidadão da época resolveu experimentar o líquido resultante após alguns dias (chuva + massa de cevada + leveduras = fermentou) e se sentiu inebriado de alegria, desta forma a cerveja se iniciou sendo atribuída à algo divino, pois bastava deixar a massa de cevada em cima da pedra e esperar pelo “milagre”. Posteriormente as pedras foram trocadas por vasos.
Como a necessidade é a mãe para qualquer invenção, quando as produções começaram a aumentar, e este líquido divino se popularizou, para facilitar o transporte foi inventada nada menos que a roda, para diminuir o tempo de produção e aumentar o tempo de bebedeira criaram-se arados e sistemas de irrigação. Começaram também a controlar as produções aprimorando ferramentas matemáticas e, para escrever este controle, inventou-se também o papiro, falando em papiro, os egípcios atribuíam à Rá, Deus que criou a vida, também a cerveja. Os egípcios bebiam sua vida inteira e quando morriam acreditavam que após a morte iriam continuar a beber em grandes quantidades, escrevendo em suas tumbas quantos jarros de cerveja seriam necessários para aproveitar a vida após a morte. Além disso, os egípcios eram pagos em cerveja para construir as pirâmides, cada dia trabalhado se recebia 4L, que o tornava mais incentivado e forte. Forte? Sim, forte. A cerveja primitiva egípcia era um dos seus alimentos mais básicos e era muito rica em nutrientes e vitaminas, porém havia apenas 3% de teor alcoólico.
Na europa medieval, o saneamento era inexistente e haviam muitas doenças, inicialmente ferviam a água na preparação da cerveja apenas para torná-la mais gostosa, mas depois descobriram que isto matava outras bactérias existentes na água, diminuindo inúmeras doenças. Os monges também eram grandes mestres cervejeiros, que distribuiam seu produto aos fiéis ao final da missa, também servindo como um incentivo para estes.
O lúpulo, responsável pelo amargor desta querida bebida, foi o primeiro conservante natural inserido neste produto, e, com isto, nas grandes navegações, enquanto a água se tornava imprópria para consumo, a cerveja permitiu que os europeus atravessassem o oceano.
Louis Pasteur, grande cientista francês se motivou em seus estudos porque queria saber o motivo de as cervejas estragarem, então descobriu que a cerveja é viva. Com mais estudos, Pasteur descobriu as bactérias e, que eram elas que estragavam a cerveja, então Pasteur pensou “Se as bactérias deixam a cerveja ‘doente’, as bactérias também devem deixar os seres humanos doentes”. Antes todo mundo achava que a doença vinha do cheiro dos pântanos ou de maus espíritos, com isso vieram vacinas e melhoras de higiene (como os médicos lavarem as mãos antes de entrar em contato com os pacientes).
Vale lembrar que os primeiros equipamentos de refrigeração também foram inventados para conservar não somente os alimentos, mas também cerveja, portanto, da próxima vez que forem beber, lembrem-se que estão fazendo um ritual milenar que muito já contribuiu para a humanidade, saúde.
Sirlon Blaskievicz (Ex-Morador)
Formado em Química - UFPR