Operários - Tarsila do Amaral (1933)
A partir do primeiro momento que se adentra a CELU se percebe que ela é muito mais do que um prédio cheio de universitários. Embora seja comum a todos uma vida agitada e com horários voláteis devido as inúmeras obrigações e imprevistos, a educação e atenção dos moradores é claramente evidente. Em meu primeiro dia fui recebido com um sorriso e com comprimentos agradáveis “Boa tarde” “Você está bem?” “Já sabe qual é o seu quarto?” “Precisa de alguma ajuda”, em pleno século XXI aonde as pessoas parecem se importar mais com o que acontece no mundo virtual - ou dentro de sua própria cabeça (não que isso não seja importante) - do que com as interações sociais, isso causa um certo espanto, muito agradável é claro.
Além de me conduzir ao primeiro vice-presidente da casa para que eu recebesse a chave do quarto, os moradores não permitiram que eu levasse sozinho minhas malas e em um momento em que as deixei em algum lugar do prédio para conversar com o vice-presidente (Victor Hugô) notei que as bagagens já haviam sido trazidas a minha presença.
Essa é a primeira amostra do que a CELU representa, não é uma república ou uma casa cheia de estudantes mal humorados e que se acham donos da verdade. É, curiosamente, um ambiente de desenvolvimento em muitos âmbitos. A casa abriga pessoas com diferentes culturas, crenças e que vem de diferentes lugares e possuem diferentes objetivos, diferentes visões do mundo; Ainda assim estes membros aparentam se integrar como um grande grupo harmônico com capacidade de tolerância e respeito.
O prédio da casa inclui, além dos quartos para hospedagem, três áreas específicas de convívio: O salão social, a sala de TV e a Biblioteca. O térreo do prédio tem como característica visível o Hall de entrada e mais reservadamente, o salão social. No segundo andar se localiza a sala de TV e no terceiro a biblioteca. Essa é a parte sólida da estrutura da CELU, contudo este lar se baseia no que acontece nesses ambientes e não no que eles realmente são fisicamente.
O salão social ou salão de festas é aonde acontece as grandes reuniões, festas e eventos da casa. Ainda temos um Hall de entrada, equipado com um sofá confortável e uma pequena mesa decorativa. Este ambiente funciona muitas vezes como sala de espera, ou ainda, uma sala para hospedes e visitantes, além, dos próprios moradores. Além da lavanderia, aqui também se localiza duas cozinhas, um quarto para o guardião, dois banheiros (um masculino e um feminino), etc.
Do primeiro ao terceiro andar estão localizados os quartos, equipados basicamente com duas camas, dois guarda-roupas, duas escrivaninhas, duas cadeiras e uma pia para cada quarto. São ocupados por dois moradores veteranos ou calouros ou ainda por moradores precários. No segundo andar se localiza um dos ambientes mais importantes da casa no ponto de vista social. A sala de TV, que também é o lugar do café da manhã. Ela se torna o primeiro ambiente de contato e convívio do dia com os outros moradores, salve o companheiro de quarto, e por isso é fundamental na construção das interações entre os moradores.
No terceiro andar se encontra a biblioteca, ambiente de estudo comum a todos os moradores; A biblioteca possui dois computadores, quatro mesas e diversos livros disponíveis para a leitura ou empréstimo para os moradores da casa.
Em pouco tempo os novos moradores se integram aos antigos, os celuenses começam a se comportar como uma alcateia de lobos, pouco a pouco, é construído os sentimentos de lealdade e amizade e se refina as características pessoais para que se aja comprometimento individual, permitindo a harmonia coletiva. Vale ressaltar que todos os moradores possuem funções importantíssimas dentro da casa, não considero vital explicar cada uma das funções, mas basicamente eles – assim como eu- cuidam da manutenção, limpeza ou administração da CELU, entre outras atividades igualmente importantes.
Lucas Samuel Costa Pereira
Letras - UTFPR