O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Lucas 18:11
Nas últimas semanas saiu uma pesquisa realizada com 1170 famílias sobre o tema Generosidade e Religião. Ao contrário do senso comum que nos leva a imaginar que crianças crescidas em um lar religioso são mais generosas, a pesquisa afirmou que as crianças das famílias menos religiosas são mais generosas do que aquelas que crescem em um lar fortemente influenciado pela religião. Isso pode causar surpresa para alguns e para outros trás um ar de superioridade, como quem diz: “Está vendo? É melhor não seguir nenhuma religião!”. Ora, não há novidade nenhuma nessa pesquisa. Jesus, em seu tempo, já apontava para essa realidade. Ao contar a parábola do fariseu que orava vangloriando-se de sua religiosidade e do publicano que reconhecia a sua pecaminosidade, Jesus afirmava e alertava sobre o perigo da autossuficiência religiosa. Os pregadores insistem em incentivar as pessoas a serem dependentes de Deus. A depositarem Nele toda a sua confiança como forma de afirmarem a sua fé e repetirem os passos dados pelo próprio Cristo. Dependência que se expressa através da humildade.
Mas o que vemos é uma autossuficiência religiosa. Quanto mais tempo a pessoa está inserida na religião, mais segura ela vai ficando, não porque se sabe amada, mas porque aprendeu a seguir uma série de preceitos que por vezes não tem absolutamente nada do Evangelho da salvação. A pessoa se acredita salva, não por aquilo que Cristo fez por ela na cruz, mas por aquilo que ela tem feito por Cristo, seguindo ordens que sequer são dele.
C. S. Lewis em seu livro intitulado “Cartas de um diabo a seu aprendiz” termina dizendo “A fina flor da profanação só pode crescer se for plantada perto do Sagrado. Em nenhum lugar a nossa tentação é tão bem sucedida quanto nos próprios pés do altar.” Ou seja, quanto mais seguros estamos da salvação pela nossa própria bondade, mais distantes de Cristo estamos. Coloquemos de lado os preceitos e os “pré-conceitos” humanos e nos coloquemos aos pés da cruz, no altar, como realmente somos: pecadores, dependentes da mais pura graça divina.
P. Walter Schenkel