“Garoto eu vou para Califórnia, ver a vida sobre as ondas, ou ser artista de cinema. O meu destino é ser star.” Ele é o nosso primeiro tesoureiro, é o homem da moeda, um dos homens mais valorizado financeiramente. Ele acabou de voltar de intercâmbio dos Estados Unidos, na Califórnia, e vem trazendo uma cultura deliciosa. Conversamos com ele, Pablo Ubiratan!
Como foi essa sua experiência de intercambio? Ah, foi sensacional. Fiquei em uma cidade com bastante imigrantes mexicanos, e eu gostava mais dos lugares latinos, sabe? Porque, por ser brasileiro, eu me sentia um pouco deslocado, culturalmente falando. E, o americano gosta mais de Hip-Hop, daí você vai em uma festa e está aquele som que não me agrada muito.
Você fez mais amigos americanos ou amigos latinos? Então, em San Diego tem muitos latinos, acredito que é um “meio a meio”. Mas lá é assim, pra você conhecer o americano, você precisa fazer parte de um grupo, se não fica aquela rotina: faculdade, casa, entendeu? Porque na faculdade você vai lá, assiste aula e nisso você conhece a galera, os americanos.
Tinha muito brasileiro lá? Nossa! Muito brasileiro! Tinha mais brasileiro do que eu esperava. No condomínio em que a gente morava, de 1000 estudantes, 200 eram brasileiros.
E você acha que atrapalhou, ou ajudou?
Então, foi muito bom ter contato com brasileiro, porque é um choque cultural grande quando você sai do seu país. Você não conhece ninguém, não domina a língua do país. E ai a gente mantém um contato, de sair, de passear, mas depois a gente vai se afastando um pouco, até pela questão de querer aprender melhor o inglês e melhorar a língua. Têm pessoas que não fazem isso e acabam prejudicados. Assim, é sempre importante manter um balanço.
Qual foi o maior deslize com a língua em inglês?
Cara, teve vários. Algumas palavras que até hoje me pegam. Têm duas que são ‘beach’ e ‘bitch’ porque uma é praia e a outra é cadela. E a outra que é a mais engraçada, ainda, é ‘cheat’ e ‘shit’, por exemplo: “ele colou na prova” (he cheated on the test), mas pode ser “ele cagou em cima da prova” se você falar errado. Nossa, várias vezes eu cometi essa gafe. Mas, o americano nem liga porque ele sabe que você é estrangeiro.
Você já “cagou” em alguma prova? Então, academicamente eu fui bem. Assim, teve algumas matérias que foram mais difíceis, mas em geral, não foram muito mais difíceis. Não sei, eu peguei pouca matéria, mas lá os professores não reprovam, até pela questão econômica do páis, onde, o aluno tem que trabalhar pra se sustentar, então o nível das provas caem, não é tão difícil. Tem também uma curva de correção. Por exemplo: se a nota mais alta de toda a sala for 7, esse 7 passa a ser um A, aí o professor faz uma curva, então, se alguém tirou a nota 3, vai ficar com um B.
O que mais te maravilhou no estilo de vida americano? O engraçado no americano é que eles não têm uma comida específica. Tipo, no México você come taco, na Espanha, você come risoto e na Itália, macarrão. Nos Estados Unidos não tem isso.
É Mc’Donalds!? É... e a comida de todos os países, só que maior. Aí você vai comer comida mexicana e você recebe um burrito gigante. Uma coisa que eu acho muito legal é que o pessoal tem a cultura de levar comida pra casa, porque tudo é grande e sempre sobra comida, ao contrário do brasileiro que deixa a comida no restaurante.
Você já levou comida pra casa? Já levei, sim. Se você está no restaurante e acaba sobrando um prato de macarrão gigante, você pede pra levar, põe em uma caixa. Nada é desperdiçado.
E a forma como os americanos tratam os brasileiros? A primeira coisa que perguntam quando você fala que é brasileiro é se você gosta de futebol, carnaval, aquele tipo de estereótipo que nós, brasileiros, sabemos que existe. O pessoal gosta muito de brasileiro, nunca tive nenhum tipo de problema com preconceito, pelo menos em San Diego. Eu sei que se eu fosse mais para o interior eu ia me deparar com um pessoal mais xenofóbico. Mas o pessoal gosta, eles falam que o brasileiro sabe festar, que gosta de festa e isso é verdade. Onde eu morava, toda sexta-feira tinha o ‘party bus’ e nossa! Só toca lepo-lepo e sertanejo.
Qual a importância de ser primeiro tesoureiro? Eu fui primeiro tesoureiro antes de viajar para os Estados Unidos e eu me lembro que prometi pra mim mesmo que nunca mais assumiria o cargo de primeiro tesoureiro, porque assim: é um trabalho muito burocrático, não é difícil, entendeu? Mas, você tem que ser disciplinado se não a tia não recebe o salário dela, se você atrasa uma conta você vai pagar juros. E é assim, você tem que ser disciplinado, não é um trabalho difícil de se fazer e se você manter o controle dessa disciplina, no final as contas fecham e tudo da certo.
Você encontrou um lugar parecido com a Celu lá? Tinha algumas fraternidades, e o pessoal faz bastante festa. Eu acho muito legal isso! Estava conversando com a minha véia e percebemos que é a mesma estrutura, só muda o nome. Cada integrante da casa trata o outro como irmão e são bem nacionalistas, eles têm orgulho de pertencer àquele grupo. É a coisa mais próxima que eu achei, mas acho que nós somos mais organizados, temos mais responsabilidades É praticamente a mesma coisa, só muda o nome.
Se mudar o nome daqui será que muda alguma coisa? Não sei, cara. Acho que uma palavra, um nome é uma coisa muito poderosa que pode mudar muita coisa. Se mudar o nome de uma instituição você muda como a pessoa se enxerga dentro da mesma. Não sei, talvez sim.
Você conheceu outras cidades ou somente San Diego? Ah eu viajei bastante, não tanto quanto eu gostaria, porque, diferente da Europa, os Estados Unidos é muito caro para viajar. Eu fui pra Los Angeles, Las Vegas, Não fui pra São Francisco, fui para o rio Colorado, fui pra Washington também, eu encontrei a Lana de Rey em Nova York e descobri que a passagem de busão era US$100.00 ai falei: Ah não, ah não...
Onde você morou, qual foi a sua cidade preferida? De longe foi Washington, falando de perto, eu não gosto de Los Angeles porque é uma cidade muito suja. É bom para você arrumar um emprego mas é muita correria e muito stress. San Diego, é tudo mais tranquilo, mais bonito, tem mais monumentos, e Washington é a mesma coisa, não tem tanto trafego, a cidade é limpa e bonita.
Você achou uma cheerleader? É, eu estou namorando agora, não é uma Ceerleader, mas ela é muito boa... E, ela vai vir aqui pro Brasil em janeiro, vai estudar Ciências Políticas por um semestre aqui na PUC.
Você tirou uma foto numa banheira, como foi isso? A gente tiro uma foto bem polêmica, que foi bem comentada, fiquei sabendo que foi até para a Assembleia... São duas italianas numa jacuzzi...
Você foi fora da lei lá? Aconteceram algumas vezes de eu ficar preso no México, porque festar em San Diego é legal, mas é muito caro, então a gente ia para Tijuana, que é divisa com san Francisco. Ir pra lá é fácil, mas voltar para os EUA é difícil, e algumas vezes eu acabei esquecendo o meu i-20 (documento que prova o vículo estudantil nos EUA) e fui impedido de voltar, então fiquei preso até meus amigos pegarem o documento pra mim e apresentarem na aduana para então eu ser liberado para entrar de volta.
Entrevistado: Pablo Ubiratan Eng. Eletrônica - UTFPR
Negriela: Lucas di Freitas
Arquitetura e Urbanismo - UP